sábado, 5 de março de 2011

As bicicletas e o caso do atropelamento em massa - Por Dr Evaldo reis




Caso acontecido em 04.03.11.
Vejam como alei se assemelha, quando o direito e as leis existe e só queremos que venham atender a nós pessoalmente, esquecendo, que a lei que te protege é a lei que irá te acusar. Analisemos sem andeira o caso relatado abaixo: Esse caso do atropelamento dos vinte ciclistas ocorrido em Porto Alegre, na última sexta-feira (25/02), é um objeto de estudo importante para quem gosta de pensar e elaborar sobre trânsito e até mesmo para quem estuda vitimologia. A primeira coisa que se precisa afirmar é que nada justifica a atitude egoísta e insensível daquele motorista. Que isso fique muito claro! Acontece que os ciclistas fizeram tudo errado. Desculpem-me, mas isso tem que ser dito. Ciclistas devem andar pelo bordo da pista (art. 58 do CTB). Se existirem carros estacionados no bordo ou qualquer outro impedimento (buracos, cavaletes, objetos), que usem a distância segura destes, o máximo próximo do bordo possível. Isso está na lei porque isso é seguro. E está na lei também que, quando houver várias faixas, os veículos mais lentos devem usar as pistas mais à direita (art. 29, IV). Dizendo claramente: não podiam estar usando todas as pistas. Se não bastasse esse descumprimento à regra, eles obstruíram integralmente uma das principais vias de escoamento do centro da cidade, no horário de pico, sem a autorização e sequer a comunicação da autoridade de trânsito. A justificativa é que este movimento existe no mundo todo e, por isso, seria de conhecimento público. Bem, eu não o conhecia e a EPTC não tem obrigação de sabê-lo se não for formalmente informada. Sabem quando o MST invade terras porque se acha no direito de fazê-lo? Bem, estes ciclistas sentiram-se assim. Como os motoristas não o respeitam, eles não respeitaram os motoristas. Impuseram o seu direito à força. É evidente que precisamos nos conscientizar todos de que a bicicleta é um veículo que goza, inclusive, de direito de preferência (favor não distorcer o que isso significa!) e que é uma ótima forma de mobilidade urbana, mas, por favor, não sejamos ingênuos de cometer o erro de acreditar que motoristas simpatizarão com este tipo de comportamento. É como pedir para que os fazendeiros adorem os integrantes do MST. Mudanças culturais como essa que se propõe precisam de maturidade para serem implementadas, precisam de organização e tempo para que todos participem. Não se muda uma cultura já estabelecida com este tipo de embate. Somos todos usuários das vias. Criamos uma ideia até boba de que motorista é sempre vilão e pedestre (agora ciclista) é sempre vítima. Isso dá vazão embates totalmente desnecessários. Pedestre (e ciclista também) tem preferência porque a vida é nosso maior bem. Ele precisa se cuidar em primeiro lugar, sem colocar sua vida em risco para, quem sabe, morrer com razão sobre uma faixa de segurança. Os motoristas devem sim serem punidos quando não o respeitarem e isso é algo imperativo. Temos muitos problemas com os motoqueiros que não respeitam distância, ultrapassam pela direita, furam fila de semáforo, transitam entre veículos. Isso faz com que se acidentem mais, se aleijem mais, morram mais. Por favor, precisamos que os ciclistas não repitam estes erros, vendo-se como seres privilegiados frente aos demais. Este grupo, que defende uma causa nobre e necessária, poderia ter se protegido melhor de desequilibrados como este que, sentindo-se igualmente invadido nos seus direitos, deu-se o direito. Faltou orientação, mas principalmente maturidade e humildade que, esperamos, não lhes falte na análise sobre o incidente. Não adianta morrer com razão neste tipo de situação. Que se puna o motorista e que aprendamos todos a lição. Evaldo Reis

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